O
Papel do Gestor de Segurança
A
atuação do crime organizado, seqüestros de empresários e executivos, invasões à
mão armada, uso de explosivos, arrombamentos, fraudes e furtos praticados por
funcionários, além dos riscos do próprio negócio, fizeram muitas empresas a se
preocupar em proteger também seu patrimônio, pois sofreram ou poderiam vir a
sofrer algum prejuízo por qualquer ocorrência dessas ameaças. Para se
prevenirem, perceberam que necessitavam das recomendações de um especialista em
segurança empresarial ou até da contratação de um gestor de segurança, seja ele
funcionário ou um consultor externo. Quando tem autonomia e apoio, esse gestor
pode reduzir drasticamente os riscos, prejuízos e perdas existentes. Há casos
em que o sucesso da gestão de segurança chega em até 90% de redução de riscos e
prejuízos. Sendo assim, alguns empresários descobriram que essa eficácia
garante seus lucros, evitando perdas, surgindo aí a demanda por esse tipo de
profissional. As principais atribuições de um gestor de segurança são: análise
de riscos visando apresentar as principais ameaças à organização, seus impactos
no negócio, a probabilidade de ocorrência, os possíveis valores de perda máxima
se o evento ocorrer, medidas preventivas e os valores de investimento. O gestor
precisa deixar bem claro quanto será o prejuízo x o valor do investimento para
demonstrar à diretoria que vale à pena investir em segurança. Além disso,
elaborar a política e os planos de segurança (estratégico, tático e
operacional) visando proteger à vida, o patrimônio e restaurar as atividades
normais da empresa. Também faz parte de suas responsabilidades elaborar
orçamentos de segurança, visando apresentar as melhores soluções (custos x
benefícios) do mercado. O gestor é quem deve analisar os fornecedores, seus
produtos e serviços e passar para o setor de compras somente fechar a
negociação com o fornecedor selecionado. Dependendo do porte e da cultura da
empresa, a função do gestor de segurança é, em alguns casos, atribuída a um
gerente de TI, RH ou Financeiro. Dessa forma, pelo acúmulo de atividades e
falta de conhecimentos especializados, torna-se limitada, ou seja, está
simplesmente mais voltada para compra de equipamentos e administrar serviços de
segurança. O ideal é que o gestor de segurança atue, de forma estratégica e com
visão holística, em todas as áreas e operações da empresa como apoio (staff) e
deve reportar-se direto ao Vice-Presidente ou assessorar o Presidente. Alguns
exemplos: junto com o RH, estabelecendo critérios de contratação e seleção de
novos candidatos, análise e verificação do histórico escolar e dos últimos
empregos, participar de determinada entrevista para análise do perfil e
comportamento e na conscientização da política de segurança para novos
funcionários; na Logística, gerenciamento de riscos no recebimento de mercadorias
e no transporte para determinada região; com TI, englobando processos e
pessoas, proteção de segredo comercial, classificação das informações e quem
deve ter acesso a elas; com Jurídico, visando contratos específicos para
redução de riscos internos e externos; com o Presidente e alta direção da
empresa, analisando os riscos do caminho de ida e volta da residência para o
trabalho e das vulnerabilidades da residência e dos familiares para elaborar um
plano de segurança pessoal; com Engenharia, na construção de uma nova sede,
realizando o diagnóstico de segurança da região, vizinhança, localização,
lay-out, acessos, materiais de construção e planejar os recursos humanos,
tecnológicos e procedimentos necessários para uma segurança adequada. Além de
trabalhar no ramo empresarial, o gestor de segurança pode atuar de forma mais
específica em segurança pessoal, segurança em logística, prevenção de perdas no
varejo, sendo um funcionário de uma organização ou até um consultor externo. O
mercado dessa área de atuação tem dado preferência para pessoas pró-ativas e
dinâmica, pois essa função trabalha-se com a prevenção e não se esperar
acontecer. Quem trabalha com segurança tem que estar preparado para diversas
situações que podem ocorrer no dia-a-dia, tais como um assalto ou uma
emergência. É importante conquistar alguma certificação em segurança para
comprovar seus conhecimentos. Hoje há duas certificações nacionais: CES –
Certificado de Especialista em Segurança pela ABSO (Associação Brasileira de
Segurança Orgânica), que exige três anos de experiência em segurança
empresarial e 2º grau completo, e a ASE – Analista de Segurança Empresarial
pela ABSEG (Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança). Nesta última
há exigência da formação em curso superior. Se for em qualquer área, exige mais
6 anos de experiência no ramo de segurança ou 4 anos se tiver exercido cargos
de chefia ou gerência de segurança; o profissional, que trabalha como gestor de
segurança, precisará de apenas 2 anos na função, se possuir um curso de
pós-graduação/MBA em segurança para prestar o exame. Entretanto, há outra
certificação que agrega muito conhecimento e que é considerada um dos maiores
títulos almejados pelos profissionais de segurança é o CPP – Certified
Protection Professional, ou seja, Profissional de Proteção Certificado pela
ASIS (American Society For Industry Security). Trata-se de uma certificação
internacional existente há 25 anos, com apenas 12.000 no mundo, espalhados em
40 países. Além das certificações acima, é bom fazer cursos específicos na área
de segurança, tais como: investigações, fraudes, inteligência competitiva,
segurança pessoal, sistemas de segurança eletrônica, técnicas de
contra-espionagem, prevenção de incêndios, etc. Também deve-se agregar cursos
de: inglês (muito exigido hoje), liderança, gestão de projetos, pessoas entre
outros. Porém, a profissão ainda não está regulamentada, mas já está em
andamento na Comissão de Constitucionalidade dois Projetos de Lei: nº 749/2007
(pela ABGS) e 2496/97 (pela ABSEG), ambos objetivam a regulamentação da função
do Gestor de Segurança, tornando-a obrigatória e inclusa na CBO – Classificação
Brasileira das Ocupações.
David
Fernandes Silva
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