Por que é importante ter uma
Plano de Contigência
Mais do que escolher um fornecedor pela
qualidade do produto ou serviço, devemos estar atentos à capacidade deste de
contornar e superar uma situação de crise. Os fatores como a segurança da
operação e a continuidade dos negócios devem ser bem avaliados na hora da
contratação de uma empresa.
Neste
ano, as montadoras de carros japonesas, por exemplo, sofreram as consequências
da paralisação das operações e da falta de um plano de contingência por parte
de seus fornecedores de peças. Elas não estavam completamente preparadas para
desastres como o tsunami que devastou a costa japonesa em março e o vazamento
de uma usina nuclear. Os reflexos disso foram intercontinentais e atingiram
também o Brasil, resultando na demissão de 400 empregados de uma montadora.
Porém, tudo poderia ter sido diferente se as
montadoras tivessem desenvolvido um fornecedor substituto com os mesmos padrões
de qualidade e prazos. Neste caso, a paralisação da produção e as demissões
poderiam ter sido evitadas. É válido lembrar que se um elo da corrente quebrar,
todo o programa de continuidade de negócios estará comprometido.
Por isso, várias perguntas devem ser
colocadas às empresas de todos os níveis da cadeia de fornecimento: quais são os
planos da companhia para o caso de indisponibilidade do seu prédio; como para
uma situação de greve de funcionários, greve de transporte; até preparação para
possíveis desastres naturais, etc. E, além de possuir um plano de continuidade
de negócios, as empresas devem mantê-lo atualizado. Tudo deverá ser planejado,
documentado, treinado e testado em momentos de normalidade e não em uma
situação de crise.
Toda empresa deve estar pronta para responder
a um evento não programado. É importante avaliar tudo, as equipes de
comunicação, gestão de crise, a área de resposta a incidentes etc. Vale
verificar quais serão os impactos da perda do estoque, por exemplo, ou da
capacidade de prover serviços.
Assim, de acordo com os resultados, você
deverá decidir se vale o risco de contratar um fornecedor sem um plano de
contingência.
Geralmente, uma comissão que está avaliando
um fornecedor, pode levar meses questionando, visitando, trocando e-mails para
saber a capacidade de atendimento do fornecedor, mas não se lembra de
questioná-lo sobre seu preparo para situações de crise. Por isso, é importante
envolver a equipe de segurança corporativa durante a contratação de um
fornecedor e solicitar a esta equipe uma avaliação de riscos deste possível
parceiro/fornecedor.
É válido também verificar alguns aspectos
relacionados aos planos de continuidade, tais como emergência e recuperação de
desastres. Não somente os ativos de tecnologia, mas sim os principais ativos
dos processos mais relevantes da empresa. Não deixe de avaliar como uma empresa
fornecedora trata uma crise interna.
Você
leitor pode até achar que tudo isso é uma paranóia, mas hoje, nos Estados
Unidos, uma empresa que não mantiver o seu negócio operando após sofrer certos
tipos de impactos “comuns”, naquela região, pode ser penalizada judicialmente
pela falta de preparo. É raro uma empresa localizada em uma região que sofre
todo ano com os frequentes tornados não esta preparada para enfrentar este tipo
de desastre ou contornar uma situação de crise relacionada a incidentes dessa
natureza.
Paranóia ou não, desconheço o caso de alguma
empresa que tenha se arrependido de estar bem preparada para eventos não
programados. Nesse sentido, é sempre prudente ter uma área de continuidade nos
negócios que coordene e mantenha atualizados tópicos como análise de riscos e
de impacto nos negócios e tenha integradas as áreas de comunicação, segurança e
negócios.
*Ricardo Giovenardi é consultor para assuntos
de continuidade de negócios e gerenciamento de crise na Sion People Center.
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