Arrogância:
doença na trajetória profissional
A arrogância tem destruído muitos relacionamentos,
amizades, negócios, casamentos e impossibilitado muitos profissionais de terem
êxito em suas carreiras. Esta mazela vem sendo espalhada em meio à humanidade
desde o início do mundo, quando olhamos na história, vemos que ao longo das
épocas vários lideres e pessoas tiveram seus nomes marcados pela forma
arrogante de proceder. A bíblia, sobretudo o velho testamento, relata várias
passagens que demonstram essa característica do humano.
Mas afinal o que é arrogância?
Arrogância é o conjunto de pensamentos e atitudes que
caracterizam a falta de humildade. É comum conotar às pessoas que apresentam
essa características algumas posturas, como não desejar ouvir os demais, não se
permitir aprender algo novo e se sentir superior em relação ao seu
próximo. São sinônimos de arrogância: o orgulho excessivo, a soberba, a
altivez, o excesso de vaidade.
Arrogar vem do latim arrogare que significa tomar como próprio,
apropriar-se, tomar como seu, atribuir a si.
Contrariando o que muitos acreditam a arrogância não
acomete somente pessoas de maior poder aquisitivo (ricos) ou dotados de grande
inteligência (conhecimento), ela pode acometer pessoas de qualquer classe
econômica ou social, pode ser encontrada entre ricos e pobres, pessoas cultas
e ignorantes, homens e mulheres em qualquer faixa etária ou etnia.
Perfil do arrogante
É muito fácil identificar as características da arrogância. Será apresentada a seguir uma pequena lista das principais atitudes e comportamentos apresentados por pessoas consideradas arrogantes.
1.
Tem
sempre uma desculpa para o seu insucesso;
2.
Tenta
enganar os companheiros para “sair por cima”;
3.
Nunca
reconhece o erro, sempre tenta por culpa em alguém;
4.
Causa
intriga na equipe e tem sempre uma teoria de conspiração;
5.
Acha
que sabe tudo;
6.
Acha-se
melhor que todos na equipe;
7.
Gosta
de “passar por cima” de todos;
8.
Gosta
de aparecer, necessidade de esta na frente;
9.
Entra
em conflito com facilidade, é antipatizado por muitos;
10.
É
movido pelo reconhecimento, tendo necessidade de receber elogios o tempo todo;
11.
Tem
a solução para todos os problemas (dos outros, é claro), porque os dele estão
todos “resolvidos”;
12.
No
fundo é inseguro, mas não gosta de demostrar.
“A arrogância é uma característica que,
durante algum tempo, pode ser confundida com determinação. Com o passar do
tempo, transforma-se em algo demasiado abrasivo para ser tolerado.” (João
Cândido da Silva)
Vírus da arrogância
O vírus da arrogância tem um poder tão grande sobre os
profissionais que chega provocar “cegueira e surdez”. A “cegueira” de não
querer ver que ele é um ser humano falível e limitado como outro qualquer e a
“surdez” de não querer escutar o que os outros dizem, por achar que já sabe
tudo, ou ainda, por julgar ser superior à pessoa que esta falando. Sabendo
destes sintomas, é fácil concluir que muitos desastres empresariais, ineficácia
na gestão e a destruição de profissionais com trajetórias de sucesso, realmente
ocorreram porque a arrogância impediu o profissional de aprender, de ouvir, de
interagir e consequentemente de se modificar e evoluir.
Existe remédio para este vírus?
Existe sim, mas não é só um comprimido, trata-se de um
verdadeiro coquetel, e o tempo de tratamento é longo. Estamos falando aqui da
implementação de um processo estruturado e consciente que envolve mudanças de
atitudes e comportamentos para adquirir uma nova competência, a HUMILDADE. Toda
mudança é difícil, pois nos tira da zona de conforto (comportamento habitual) e
nos faz abrir para novas perspectivas. Isso geralmente traz muito medo para
quem esta embarcando neste novo viés.
Perspectiva da mudança: Arrogância X Humildade
Segundo Paulo Gaudêncio, psiquiatra organizacional, a
mudança é um procedimento neurológico e, para enfrentar o medo, temos que
cortar a ponte com o passado. No caso da arrogância, é essencial aprendermos a detectar a sua
presença e a lidar com ela.
Na parábola do trigo e do joio (Mateus 13:24-30), um
homem plantou sementes no seu campo mas o inimigo plantou joio no mesmo campo.
Uma vez que o trigo e o joio começaram a crescer juntos, os servos sugeriram
que arrancassem o joio. O dono da casa não os deixou tirar o joio. Ele deixou o
joio crescer junto com o trigo até a colheita, quando o trigo foi recolhido e o
joio foi queimado.
O mesmo vale para a arrogância (joio), pois ela tem
no sentido inverso a humildade (trigo).
Sendo assim, a melhor maneira de reconhecer a arrogância é compreendendo a
natureza da verdadeira humildade. Ao nos familiarizarmos com suas
características, podemos identificar a sua ausência instantaneamente, o que
significa dizer que estão sendo praticados atos e pensamentos arrogantes. Após
essa identificação, o próximo passo é trabalhar conscientemente para reverter o
comportamento inadequado.
Outro propulsor de mudança é o feedback, que é o processo de fornecer dados a
uma pessoa ou grupo ajudando-o a melhorar seu desempenho no sentido de atingir
seus objetivos e metas com base
na veracidade observada ou vivenciada. Neste
contexto, solicitar feedback sobre seu desempenho e comportamento
para pessoas que você admira e confia é uma atitude de coragem, porém isso por
si só, não provoca mudança. O que realmente impulsiona mudança é receber o feedback por uma perspectiva positiva,
processar e daí por diante, mover ações no sentido de reverter as oportunidades
de melhorias apontadas. Primariamente, tudo o que for feito, investido e plantado, exigirá um esforço
adicional, mas o resultado virá,
com certeza virá no médio e longo prazo.
Esse é o coquetel armado para combater a arrogância em
nossas vidas, e é necessário tomá-lo com frequência. O ciclo de reconhecer,
mudar e aferir o resultado inicia agora, após ler este texto você já tem
informação, colocá-la em prática ou ignorá-la só depende de você.
“Muitos
são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são
arrogantes”. (Johann Goethe).
Autor: Fabio Arruda
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